30 de mai. de 2013

Mulheres e livros



Perfeita união.


É algo simplesmente maravilhoso. 





Veja alguns blogs desta união:

No Tumblr:

The Reading Girl! Clássicas:

As mais safadas:



É feriado, um pouco de besteira faz bem!

24 de mai. de 2013

O rei da solidão

Encontrei na mochila um velho conto escrito em algum momento de desvario. É um conto cruel e de tão cruel o autor criou um final feliz cruel de forçado.


Ele é o rei!

Do trono no centro de seu castelo inexpugnável e frio ele contempla seu passado. Passado que o levou até aquela posição. E do seu grandioso passado repleto de histórias insanas e trágicas, cuja vítima final era a si próprio, lembrou.

E relembra de uma bela acompanhante que encontrou em um orelhão do bairro oriental. A descrição de uma jovem loira o agradou e os custos envolvidos também eram atrativos para sua situação falimentar após o término de mais uma desastrosa paixão. Anotou o número e lá foi ele ao encontro da bela que não imaginara tão bela como realmente era, como era costume na propaganda naquele ramo de negócios.

Ao chegar ao nobre edifício em pedaços se dirigiu até o apartamento indicado e bateu na porta. Foi atendido surpreendentemente por uma loira magra (até demais lhe pareceu) de mais de um metro e setenta, peitos pequenos e cintura fina mas daquele formato de mulher que já tivera filhos. Ele certificou-se de seu nome fantasia e se dirigiram até um dos minúsculos quartos daquela república. A caminho, ela na frente também reparou no bonito andar e no bumbum também pequeno mas aparentemente durinho. Como dizem no ramo, pensou: me dei bem.

Chegando ao quarto havia somente uma pequena e velha cama e uma cômoda. Em seguida olhou e não conseguiu não notar o olhar triste e distante enquanto ela já se despia mecanicamente. Desde aquele momento ele a tratou como uma princesa e em troca deu e recebeu o que fora buscar.

O tempo passou num segundo e como naquele mundo os horários eram cronometrados aproveitou os minutos restantes para conhecer aquela princesa perdida.
Descobriu que moravam em cidades próximas daquela república do minuto, e mais, apenas três estações os separavam.
Ela também tinha uma filha pequena que amava muito, tanto que ao contar não resistiu, levantou-se, desfilou nua com dois passos até chegar à bolsa e mostrar as fotos da pequena princesa cujo pai a abandonou, fato que e a levou a tomar medidas extremas para manter a casa alugada, pagar a creche da menina e comprar roupas e alimento.
Ele também contou suas bobeiras e riram-se das próprias desgraças.

Mas o tempo, o maldito tempo, abreviou aquele encontro, no momento em que sobressaltada ela viu as horas no velho relógio Orient dele. Assim, ele se despediu com um beijo naquela rosto corado e perguntou se ela gostaria de sair com ele de "outra forma", recebendo um sim sem jeito, mas acompanhado de um sorriso que lhe parecia inesquecível.

Dias depois ele ligou para ela e começaram a conversar. De início ela não parecia acreditar no convite, mas ele disse que no final de semana iriam ao cinema e que ligaria de volta.
O fim de semana chegou, passou e ele não ligou.

Mesmo interessado naquela mulher ele enfrentou como pôde seus preconceitos contrários as chamadas mulheres da vida. Tentou argumentar contra sua mentalidade cristã dizendo que iria ser o salvador daquela alma pecadora. Usava argumentos absurdos e julgamentos idem em sua defesa, afinal de contas, como poderia um pecador salvar uma pecadora? Por fim, naquele emaranhado confuso que era sua mente naquele momento, pensou ter convencido a si próprio que o que importava era que se sentiu feliz junto daquela mulher e que valeria a pena avançar e a rever por muitos outros dias, e só ele beijá-la todos os dias em todos os horários possíveis.
De nada adiantou essa decisão, como vimos, pois nada fez para realizá-la.

Passados tantos anos ele já não se lembra muito bem daquele rosto e nem ao menos do nome verdadeiro que ela lhe dissera na primeira ligação após aquele encontro.
Seu agir fora cruel não só com a princesa do pequeno quarto, mas fora cruel com uma parte dele mesmo.
E mais uma vez, como era comum, ele sentiu aquela pontada rude e dolorosa em seu coração despedaçado por tantas más decisões e rompimentos.
E o grande rei permaneceu em seu trono de solidão imóvel relembrando outros amores perdidos até o dia que seu coração finalmente o abandonou.


Janeiro de 2012


Com pena de alma penada como esta fiz um final alternativo:

Mas de repente as batidas voltaram. Ele se levantou tempos depois um amor novo encontrou e radiante aquela mulher abraçou até o final de seus agora alegres dias nos campos da periferia de um reino de outro rei louco.

8 de mai. de 2013

Eu vi o fim do que já não existe mais


Ao mesmo tempo em que estamos em uma era de alta tecnologia, grandes conglomerados de consumo e comunicação e contatos instantâneos com pessoas e instituições possíveis através de um clique, há um movimento de substituição de antigas estruturas, serviços e tudo o mais.

Em tempos líquidos (termo retirado do onipresente Zygmund Bauman), o novo surge e destrona o velho com extrema velocidade. O que era verdade já não vale nada, pois não há mais verdades. É  tempo de extrema burrice e extremo avanço. 

Até quando será assim não sei, mas o que sei é o que vejo. 
E nestes dias eu vi:


Eu vi o fim dos serviços de entrega de produtos de limpeza em domicílio.

Hoje, terça-feira, dia 08 de maio de 2013, depois de anos vi um daqueles caminhões cheios de cândida, cloro, desinfetantes, vassouras e rodos.

Em cidades grandes como São Paulo, tudo se compra nos mega-hiper-supermercados e quem trabalha com esses caminhões está fadado a ficar desempregado e virar repositor de produtos nas grandes redes.


Também vi o fim das locadoras de vídeo.

Talvez a última locadora do bairro seja esta que visitei no último Domingo à tarde. A tristeza do ambiente e os últimos discos à venda no saldão trouxeram aquele sentimento de saudades ao peito. Saudade do primeiro aparelho VHS, do primeiro DVD-Player e também, vergonha, do primeiro filme pornô erótico que assisti na casa de um amigo quando morava na Aldeia de Barueri. O amigo era o cara, pois foi o primeiro a ter algo do tipo em casa.

Com o advento da Internet, do barateamento (falso, muito falso!) da TV a cabo e da facilidade de cópias de DVD's que ocasionou o surgimento de redes de bancas de CD's e DVD's pirateados aos poucos as locadoras deixaram de ser um dos centros privilegiados de entretenimento.

Ficam as dicas aos saudosos:
- para matar a saudade do velho VHS vale a pena assistir o filme "Rebobine, por favor". É só baixar o Torrent! risos.

- se estiver em São Paulo, não deixe de passar em uma das últimas redes de locadoras ainda bem das pernas.
Trata-se da 2001 Vídeo (http://www.2001video.com.br/midia/lojas.asp). A loja mais legal fica na Avenida Paulista.



Por último, eu vi o fim do reinados dos grandes galpões dos antigos bairros operários de São Paulo. Muito de fala dos galpões da Lapa, Brás e até da Vila Leopoldina, mas aqui no Jaguaré, de onde escrevo dia após dia vejo um deles ser derrubado para construção das onipresentes e cada vez mais altas torres residenciais (e agora comerciais).

Um dos últimos galpões é o desta foto onde aparece um dos prédios administrativos da falida Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC).
Hoje, o negócio se transformou em um modorrento estacionamento, por sinal, é o estacionamento em cuja placa de divulgação além de vagas para carros, caminhões e ônibus também podem estacionar aviões!
Dizem que nesse terreno enorme será construído um novo Shopping Center. Mas acho que não vingará, pois atrás do terreno se encontra a favela Nova Jaguaré.
Bom seria se o terreno fosse desapropriado e reurbanizado com a criação de lotes de vários tamanhos para a construção da vila CAC e não mais um monte de prédios da CDHU, COHAB ou das grandes incorporadoras paulistas.

É.... Continuo sonhando, acho que não sou deste tempo ou lugar.....




1 de mai. de 2013

Leitor de livraria: um bibliotecário

Por William Okubo

Depois de algum tempo tomo coragem (ou vergonha na cara) e me ponho a escrever mais um artigo para o Blog da Companhia... Não. Não. Não se trata do charmoso Blog da Companhia das Letras, e sim do Blog da Companhia dos Maltrapilhos!

E eis que escrevo sobre a presença de um bibliotecário selecionador (que na falta de ânimo de selecionar para a Biblioteca onde trabalha seleciona para si próprio, um bibliotecário-leitor) em sua visita ritual a uma das grandes livrarias da paulicéia desvairada e atolada.

Foi ontem à noite a visita.

Depois da dupla jornada de trabalho (o número 1 e o free-la) fui até a Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em minha modesta opinião, um dos lugares mais maravilhosos para leitores desta cidade. Calma aí, também curto as bibliotecas, meu!


Mas voltando ao que interessa, cheguei e já fui atrás de alguns lançamentos. Peguei uns 8 livros e fui me sentar na área dos pufes. Como de costume, eu lia e observava ao redor. Já eram 20 horas e aquele lugar estava lotado e foi quando vi logo à minha frente uma moça encostada gostosamente em um pufe lendo "Vermelho amargo", do ótimo Bartolomeu Campos de Queirós. Logo pensei: garota de bom gosto! Voltei para os meus livros...
Minutos depois vi chegar uma amiga. Elas se beijam e do nada uma delas solta um latido bem fraco. Lógico que eu e outros clientes-leitores da vizinhança olhamos para elas. No primeiro momento não vi nada, mas não satisfeito deixei os livros de lado e fiquei olhando atentamente para as garotas até que vi um minúsculo cão no colo daquela que lia o Bartolomeu!
Sim, era um cãozinho poodle que havia latido e não a garota. E o mais incrível, o danado havia ficado quietinho por um longo tempo sob os lindos seios de sua dona.....
Claro, que mesmo depois da descoberta continuei olhando e ouvindo a conversa até os momentos finais quando escutei o seguinte diálogo:
- Queria um desses lá em casa! Disse a amiga da voraz leitora.
- Eu também! disse uma outra leitora-cliente já seduzida pelas patinhas do bicho que batiam em suas costas.
- Auuu! Latiu por fim o cãozinho.
Cansado de cena tão cheia de fofura, peguei o celular e tirei a foto que acompanha o relato. Prova de que não é um conto da carochinha isto que vos escrevo....

Não poderia terminar sem dizer: como não amar um local que permite a entrada de pessoas com seus bichos de estimação e que dá liberdade para você pegar quantos livros quiser, fotografá-los livremente como fiz, deixá-los jogados a seus pés ou sob sua mochila fedorenta? É. As bibliotecas públicas precisam não copiar tal sistema mas buscar formas de trazer o aconchego que as livrarias disponibilizam a seus clientes-leitores.


Em tempo, vejam também as fotos dos bons livros que xeretei e indico!

Biografia do Casagrande (comprei!) e novo do Coetzee

Análise das poesias do Mário sobre São Paulo



Livro policial de texto muito, muito gostoso!


Depoimento do Museu da Pessoa em livro, com apresentação de  "famosos" (hahaha)