Bastião torto: velho que sofreu derrame e trabalhava como jardineiro.
Home do saco: andava pelo bairro carregando enorme saco de estopa, outro atemorizador de criancinhas.
Pirolau: o maior bêbado do pedaço. Em jogo da seleção tomou um belo de um tapa na fuça do meu pai e continuou rindo sem graça.
Bitelo: anão que quando via uma mulher bonita gritava: ô bitelo ou ô bitela!
Gentil: senhor de família que bebia até cair. Várias vezes teve que ser em carrinho de mão para casa, sem contar dias em que a água da chuva o levava até a calçada e ficava ali boiando semi-desmaiado de tanta cachaça!
Cá: negro forte que fazia serviços gerais, como carpir mato, servente de pedreiro em troca de garrafas de pinga. Morreu ao cair de caminhão da prefeitura.
Bodão: jovem vagabundo que estudou comigo. Me fez dar doces e salgados por um ano, ameaçando dizer para minha mãe que eu havia escrito uma cartinha erótica a uma colega de classe (eu tinha uns 12 anos a época).
Loira cega: mulher que uma vez por semana andava pelo bairro e tinha roupa puxada por crianças, que andando em volta dela faziam a festa.
Tiuill: bebum profissional cujo apelido era sinônimo de mentira.
Jacaré: homem que mexia a orelha para horror das crianças do bairro.
Djanira e Carlos: mulher que tinha muitos gatos e seu namorado que viviam bêbados, promovendo verdadeiros shows em praça pública quando brigavam.
A vida era muito divertida.
Ao mesmo tempo, a vida na periferia da periferia era marcada pelos sinais do preconceito, pobreza e vícios.