20 de jul. de 2008

Mais um sábado, mas é o Sábado!

Acordo de as 9 horas. Aquela preguiça. Deitado fico.

Meu pai liga. Minha mãe vem para casa.

Havíamos combinado de ir no famoso “Torra Torra” da Rua São Bento, próximo a Praça da Sé comprar uma cortina para meu quarto, pois há uma fresta noturna que atrapalha que ali dorme, menos eu. Mas tudo bem, concordo que um quarto sem cortina não fica tão bonito.

Já no Torra Torra, aquele povaréu! Indo e vindo, sacolas lá, aqui e acolá.
E eis que entram na nossa sacola meias infantis (eu sou infantil, mas o receptor destas meias será meu sobrinho, o Tales) de R$0,76, negócio de segurar peito feminino por R$2,50. Óbvio que me empolgo e vejo uma calcinha preta toda brilhante e digo: a Lili vai gostar! (na verdade ela iria odiar!).
Depois de uma hora olhando a cortina eu acho que escolho a mais feia, mas a compro mesmo assim.

O resto é rápido: instalo a tal cortina e vou comer uma bela feijoada, afinal, Will sem comer não dá certo. Depois da feijoada deixo a mãe no ponto de ônibus e volto para casa. Aqui fico na internet, converso um pouco aqui, um monte acolá e aparece a CrisTIANE.
Falo que estou sem fazer nada e marcamos de ir no Center Norte assistir um filme e comer (ela, não eu!).
Lá assistimos Hancok! Surpreendente o filme é bom!!! E para dizer que não comi nada, compramos pipoca e refrigerante! Companhia agradável, com sorriso idem, voltamos para nossas casas, não sem antes eu pegar uma carona até o metrô mais próximo.
Já no metrô venho ouvindo Extol (Death Metal). Quando saio do metrô, chegando em casa vejo uma banquinha montada. Era uma senhora vendendo bolos. Ela tinha bolo de morango e chocolate. Não resisto e compro um e feliz venho para casa!

O caminho se acabou, mas a história ainda não.

Ao sair do cinema, me veio uma felicidade enorme, algo que senti ser bem parecido com a forma como o C.S. Lewis foi “Surpreendido pela alegria”. Em questão de segundos, minha vida passou por mim, e a vida que pensava eu que havia acabado um dia, os sonhos que não pareciam mais ter chance alguma de se concretizar parece que dos calabouços foram soltos, e analisando os últimos três meses de minha vida vi que realmente eu renasci.
Não mudei muito, é fato, não me livrei de alguns problemas intrínsecos a mim mesmo, porém, algo novo acontece. E até uma meleca de música dos Titãs me disse algo. “É preciso saber viver”. Reaprendi a viver. Estou vivo. A luta continua, mas não mais estou preso no isolamento do pecado, da escravidão e da dor. Vivo estou e só posso nesse momento louvar ao Senhor! E foi sentado em uma banco do Metro que o choro que eu ia ter ao lado da Cris na saída do cinema (ia ficar chato... Risos!) saiu levemente... Um choro de felicidade, um choro que prenuncia outros choros durante a vida, tanto faz se de felicidade ou tristeza serão, mas serão choros de um ser vivente!

30 de jun. de 2008

Um breve passeio noturno por SP

Depois de brigar um pouco com vocês (Lilian, Akemi e Luzia) eu fui jantar...
Era um sábado, 21h40m.
Há um McDonald's, um Habib's e vários outros restaurantes, inclusive o recém-aberto Esquina MPB na famosa Ipiranga com São João aqui perto, mas....lá fui-me para a região da Avenida Paulista.
Ao chegar lá entrei no HSBC Belas Artes para ver a programação de filmes da semana.
Uma boa programação: quase que vou assistir uma comédia chamada Quem disse que é fácil. Também quase que assisto a um dramalhão chamado "O Escafandro e a Borboleta" (esse filme ganhou o Oscar e deve ser muito bom).
Como não estava a fim de fazer nenhuma das duas coisas, continuei minha caminhada e desci na direção dos jardins em busca de alguma comida diferente. Na descida me deparei com vários moradores de rua (depois dizem que só ocupam o centro! Que injusto!) e também com um rabino utilizando aqueles dispositivos engraçados que eles usam na cabeça (sorry! me esqueci o nome daquilo!). Tenho certeza que alguns cristãos judaizantes já devem estar usando isso em suas igrejas neo-pentecostais!
Cheguei na Avenida Lorena.
Lá encontrei a Livraria da Vila (www.livrariadavila.com.br)aberta: Vivas! Amo aquele lugar!
E claro, já se foi um dinheirinho na compra de um livro que há meses quero ler mas não tinha coragem de comprar ("O diabo mesquinho", do Fiodor que não é Dostoievsky mas Sologub). É uma comédia densa, posso dizer.
Dali, deliciado, fui deliciar-me no Rockets! Lá comi um hamburguer de 150g acompanhado de cebola frita, queijo vermelho, batata fria juntamente com Coca-Cola com Baunilha! Ahh... lá haviam fotos da maravilhosa Marylin Monroe e do verdadeiro rei do rock Elvis Presley!
Tirei uma foto de lá... que vou postar em outro lugar.
Duplamente deliciado me dirigi até a Avenida Rebouças, onde vi o Brother Simion meio avoado saindo de seu bar naquela região.
Também vi uma mulher jovem (com uns 25 anos) chorando conversando com uma outra mulher. Ela estava tão bonita chorando....
Mas segui em frente e peguei um ônibus e desci próximo ao Teatro Municipal.
Ao passar pelo mesmo, vi movimento e uma luz forte e fui espiar.... era a gravação da novela das oito da Globo e vi de perto a bonita da Patrícia Pillar (que sortudo que é o safado do Ciro Gomes!).
Pensei em gritar fora Globo, mas como é noite, eu podia apanhar do povo e vim embora para o apartamento.
Também fui até o telhado do prédio, mas estava fechado... queria olhar um pouco para o céu noturno, que para mim costuma ser bem bonito. Enfim, me diverti um pouco depois de uma semana de trabalho....
E termino dizendo que vai haver um tempo que me divertirei acompanhado e tenho certeza que será bem legal também, não acham?

12 de jun. de 2008

Pensando em você (que ainda não está aqui)

Sexta-feira, 30/3/2007
Pensando em você
Julio Daio Borges




Tenho trabalhado tanto, mas penso sempre em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assentada aos poucos e com mais força enquanto a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos. Tão transparentes que até parecem de vidro, vidro tão fino que, quando penso mais forte, parece que vai ficar assim clack! e quebrar em cacos, o pensamento que penso de você. Se não dormisse cedo nem estivesse quase sempre cansado, acho que esses pensamentos quase doeriam e fariam clack! de madrugada e eu me veria catando cacos de vidro entre os lençóis. Brilham, na palma da minha mão. Num deles, tem uma borboleta de asa rasgada. Noutro, um barco confundido com a linha do horizonte, onde também tem uma ilha. Não, não: acho que a ilha mora num caquinho só dela. Noutro, um punhal de jade. Coisas assim, algumas ferem, mesmo essas que são bonitas. Parecem filme, livro, quadro. Não doem porque não ameaçam. Nada que eu penso de você ameaça. Durmo cedo, nunca quebra.

Daí penso coisas bobas quando, sentado na janela do ônibus, depois de trabalhar o dia inteiro, encosto a cabeça na vidraça, deixo a paisagem correr, e penso demais em você. Quando não encontro lugar para sentar, o que é mais freqüente, e me deixava irritado, descobri um jeito engraçado de, mesmo assim, continuar pensando em você. Me seguro naquela barra de ferro, olho através das janelas que, nessa posição, só deixam ver metade do corpo das pessoas pelas calçadas, e procuro nos pés daquelas aqueles que poderiam ser os seus. (A teus pés, lembro.). E fico tão embalado que chego a me curvar, certo que são mesmo os seus pés parados em alguma parada, alguma esquina. Nunca vejo você - seria, seriam?

Boas e bobas, são as coisas todas que penso quando penso em você. Assim: de repente ao dobrar uma esquina dou de cara com você que me prega um susto de mentirinha como aqueles que as crianças pregam umas nas outras. Finjo que me assusto, você me abraça e vamos tomar um sorvete, suco de abacaxi com hortelã ou comer salada de frutas em qualquer lugar. Assim: estou pensando em você e o telefone toca e corta o meu pensamento e do outro lado do fio você me diz: estou pensando tanto em você. Digo eu também, mas não sei o que falamos em seguida porque ficamos meio encabulados, a gente tem muito pudor de parecer ridículos melosos piegas bregas românticos pueris banais. Mas no que eu penso, penso também que somos meio tudo isso, não tem jeito, é tudo que vamos dizendo, quando falamos no meu pensamento, é frágil como a voz de Olívia Byington cantando Villa-Lobos, mais perto de Mozart que de Wagner, mais Chagal que Van Gogh, mais Jarmush que Win Wenders, mais Cecília Meireles que Nelson Rodrigues.

Tenho trabalhado tanto, por isso mesmo talvez ando pensando assim em você. Brotam espaços azuis quando penso. No meu pensamento, você nunca me critica por eu ser um pouco tolo, meio melodramático, e penso então tule nuvem castelo seda perfume brisa turquesa vime. E deito a cabeça no seu colo ou você deita a cabeça no meu, tanto faz, e ficamos tanto tempo assim que a terra treme e vulcões explodem e pestes se alastram e nós nem percebemos, no umbigo do universo. Você toca minha mão, eu toco na sua.

Demora tanto que só depois de passarem três mil dias consigo olhar bem dentro dos seus olhos e é então feito mergulhar numas águas verdes tão cristalinas que têm algas na superfície ressaltadas contra a areia branca do fundo. Aqualouco, encontro pérolas. Sei que é meio idiota, mas gosto de pensar desse jeito, e se estou em pé no ônibus solto um pouco as mãos daquela barra de ferro para meu corpo balançar como se estivesse a bordo de um navio ou de você. Fecho os olhos, faz tanto bem, você não sabe. Suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. Caminho mais devagar, certo que na próxima esquina, quem sabe. Não tenho tido muito tempo ultimamente, mas penso tanto em você que na hora de dormir vezemquando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. Mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. Nuvens, espaços azuis, pérolas no fundo do mar. Cl ack! como se fosse verdade, um beijo.

Caio Fernando Abreu, em Um Provável Devaneio, que linca pra nós.

Retirado do www.digestivocultural.org

23 de mai. de 2008

Artur da Távola "... Ah, o diferente, esse ser especial!

Diferente não é quem pretenda ser.
Esse é um imitador do que ainda não foi imitado, nunca um ser diferente.

Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora, momento e lugar errados para os outros. Que riem de inveja de não serem assim. E de medo de não agüentar, caso um dia venham a ser. O diferente é um ser sempre mais próximo da perfeição.
O diferente nunca é um chato. Mas é sempre confundido por pessoas menos sensíveis e avisadas. Supondo encontrar um chato onde está um diferente, talentos são rechaçados; vitórias, adiadas; esperanças, mortas. Um diferente medroso, este sim, acaba transformando-se num chato. Chato é um diferente que não vingou.

Os diferentes muito inteligentes percebem porque os outros não os entendem. Os diferentes raivosos acabam tendo razão sozinhos, contra o mundo inteiro. Diferente que se preza entende o porque de quem o agride. Se o diferente se mediocrizar, mergulhará no complexo de inferioridade.O diferente paga sempre o preço de estar - mesmo sem querer - alterando algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores. O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente igual: a inveja do comum; o ódio do mediano. O verdadeiro diferente sabe que nunca tem razão, mas que está sempre certo.O diferente começa a sofrer cedo, já no primário, onde os demais de mãos dadas, e até mesmo alguns adultos por omissão, se unem para transformar o que é peculiaridade e potencial em aleijão e caricatura. O que é percepção aguçada em : "Puxa, fulano, como você é complicado". O que é o embrião de um estilo próprio em : "Você não está vendo como todo mundo faz? "O diferente carrega desde cedo apelidos e marcações os quais acaba incorporando. Só os diferentes mais fortes do que o mundo se transformaram (e se transformam) nos seus grandes modificadores.
Diferente é o que vê mais longe do que o consenso. O que sente antes mesmo dos demais começarem a perceber. Diferente é o que se emociona enquanto todos em torno agridem e gargalham. É o que engorda mais um pouco; chora onde outros xingam; estuda onde outros burram. Quer onde outros cansam. Espera de onde já não vem. Sonha entre realistas.
Concretiza entre sonhadores. Fala de leite em reunião de bêbados. Cria onde o hábito rotiniza. Sofre onde os outros ganham.
Diferente é o que fica doendo onde a alegria impera. Aceita empregos que ninguém supõe. Perde horas em coisas que só ele sabe importantes. Engorda onde não deve. Diz sempre na hora de calar. Cala nas horas erradas. Não desiste de lutar pela harmonia. Fala de amor no meio da guerra. Deixa o adversário fazer o gol, porque gosta mais de jogar do que de ganhar. Ele aprendeu a superar riso, deboche, escárnio, e consciência dolorosa de que a média é má porque é igual.
Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, engordados, magros demais, inteligentes em excesso, bons demais para aquele cargo, excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas erradas, cheios de espinhas, de mumunha, de malícia ou de baba. Aí estão, doendo e doendo, mas procurando ser, conseguindo ser, sendo muito mais.
A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana. De que só os diferentes são capazes.
Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois."

Eu digo, eu sou um diferente.
Não um diferente muito diferente.
Mas espero ser mais ativo e fazer fluir a vida de forma diferente.

William